Luiz Fernando Coelho
Criar pontes.
Se relacionar com pessoas.
Nada mais fascinante em nossas vidas.
Significa criar nossas conexões, tão necessárias para nos desenvolvermos de forma plena.
Devemos aproveitar todas as oportunidades que temos para construir uma ponte.
Ela será mais forte ou mais fraca, dependendo dos fundamentos destas conexões.
Eu adoro construir pontes em minha vida.
Tenho orgulho de dizer que, muitas que construí, até hoje estão de pé.
Uma obra a quatro mãos.
Via de mão dupla, onde em cada conexão feita entre as pessoas, ela se solidifica cada vez mais.
Cada uma delas tem nome e sobrenome, e continuam vivas, como artérias que levam e trazem oxigênio para nossos corações continuarem a bater.
Seguir construindo me traz uma vontade de viver enorme.
E o melhor deste processo é que ao iniciá-lo, não temos nenhuma garantia de onde ele vai dar.
Muitas vezes não chega a lugar nenhum, ou nos leva a uma situação em que não queremos chegar. Mas como um mistério, continuamos a desejar continuar construindo.
Acredito, firmemente que é desta incerteza é que nasce a felicidade de alcançar um resultado, uma nova realidade, uma parceria de grande importância.
Digo a cada um de vocês que me leem. Ao iniciar um processo de construção tenha a sabedoria de se houver alguma contrariedade, saber desistir, e não investir mais do que o necessário. O pior resultado, é aquele que atingimos sabendo o final, mesmo antes de chegar até ele.
Por outro lado, saiba usar sua intuição, seu poder de resiliência, para não desistir na primeira curva.
Nosso mundo, nossa realidade, está cada vez mais centrada no não fazer.
Está tudo pronto.
É só consumir.
As crianças não fazem mais pipas, mas controlam aviões em pousos e decolagens em condições cada vez mais complexas. Um jogo que está pronto, e que ninguém construiu nada para que ele pudesse ser utilizado. Está ali. É só ligar.
Cada vez mais, menos pessoas conseguem se comunicar, tanto escrevendo como falando. Os erros ficam cada vez mais sofisticados, na medida em que são tão óbvios, que causam arrepios.
Hoje, é comum, por exemplo, ouvir repórteres de rádios de grande audiência, que cometem verdadeiros crimes contra a nossa língua portuguesa. E mais, tem tão pouco conhecimento dos assuntos em geral que sequer tem vergonha de fazer declarações esdruxulas; outro dia, ouvia um jogo de futebol, entrou uma mensagem de um ouvinte do Macapá, e o narrador pergunta ao comentarista: “fulano, você sabe onde fica esta cidade?” A resposta veio dissonante: “não sei não”.
Isso sem falar na linguagem usada no whatsapp, por exemplo, cheio de significados e abreviações que disseminam cada vez mais o que é rápido, e não o que está correto.
Voltando para nossa construção de pontes. Acaba ficando cada vez mais complexo estas operações, pois elas são, na maioria das vezes, lentas, exigindo paciência de seus envolvidos.
Acredito ser uma miopia enorme quando apontamos para a tecnologia, que nos torna cada vez mais solitários em nossas vidas, como a grande vilã desta história. Isso não é verdadeiro.
Existem opções, e elas estão ao alcance de todos.
Há de haver muito cuidado como utilizamos cada nova possibilidade de não fazer nada, em nossas vidas.
Calma, pessoal. Vou exemplificar com algo muito simples. Quando os televisores chegaram em nossas casas, cerca de uns 70 anos atrás, para mudar de canal, tínhamos que nos levantar e executar a dita operação. Aí inventaram o controle remoto, que faz absolutamente tudo. Agora, em substituição a este artefato, podemos mudar de canal somente falando com a TV.
Em compensação, cada vez fica mais difícil vermos as pontes serem erguidas em nosso dia a dia.
O progresso é fantástico. Mas alguém já disse, o problema é o que fazemos com ele.
Uma frase bem clichê, é verdade. Mas essa falta de atitude em relação ao mundo me assusta.
Quando vamos retomar a condução de nossas próprias vidas?
Quando nos tocaremos que networking, é só contato de interesse e que está longe de ser uma ponte na vida das pessoas?
Trata-se de uma realidade que nos engana, e cada vez mais nos traz grandes decepções.
As pontes que construímos precisam ser firmes, alicerçadas de forma que você possa cruzá-las cada vez que achar necessário.
Lembrando sempre, que é uma via de duas mãos. Sempre.
Eu, tenho uma certeza: construí muitas pontes, que são muito queridas. Alguns projetos não foram para frente, mas isso é normal. Mas posso confessar, que conforme o tempo vai passando, cada vez mais é difícil iniciarmos uma nova ponte.
Talvez por preguiça.
Talvez porque não queiramos nos expor mais.
Talvez pelo fato de que não desejemos mais usar nossa intuição e/ou resiliência para se obter sucesso.
Mas tudo isso, é muito diferente de esconder-se atrás da solidão que a vida nos proporciona e não fazer mais esforços para chegar ao outro lado de nossa construção.
Só lhes digo que nunca é tarde para conseguir.
Eu pessoalmente, adoro as minhas queridas pontes.