Refugiados: aqueles que sob a bandeira branca competem pela simples possibilidade de competir

Luiz Fernando Coelho

Desde os Jogos do Rio de Janeiro, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) criou uma bandeira para que atletas refugiados pudessem competir, esse time se tornou uma atração e um exemplo dos ideais olímpicos. Presente no Rio e depois em Tóquio, hoje os atletas convocados encontram-se treinando o time com vistas à próxima Olimpíada.

Essa iniciativa do COI visa fornecer uma plataforma para atletas que foram deslocados de seus países de origem devido a conflitos ou perseguições, e permitir que eles continuem a competir em alto nível, apesar das dificuldades que enfrentam. É uma mensagem poderosa de esperança, solidariedade e inclusão, que traz em si uma centelha de esperança por um mundo melhor para todos e que, esperamos, venha a se tornar uma prática, até que não existam mais refugiados, o que mais parece uma utopia do que realidade.

Em Paris 2024, a bandeira branca dos refugiados novamente estará à frente desses atletas talentosos de 11 diferentes países, e patrocinados por 15 NOC’S, que mesmo deslocados conseguiram a oportunidade de competir no maior evento esportivo do mundo. Lembro ainda que essa iniciativa leva em conta não só as habilidades atléticas dos participantes, mas também aumenta a conscientização sobre a crise global de refugiados e promove valores de solidariedade e respeito mútuo. O processo de seleção e treinamento para participar do Time Olímpico de Refugiados envolve várias etapas e colaborações entre o COI, as federações esportivas internacionais, organizações não governamentais (ONGs) e outras entidades relevantes.

Selecionamos aqui os principais pontos para identificação e seleção desses atletas, que acabam tendo origens diferentes, mas são unidos por uma bandeira de esperança e crença na humanidade.

  1. Identificando os talentos

O COI e suas organizações parceiras trabalham em estreita colaboração com ONGs, agências de refugiados e organizações esportivas locais para identificar atletas talentosos entre os refugiados. Isso pode envolver pesquisas em campos de refugiados, comunidades de refugiados em cidades ao redor do mundo, bem como o uso de redes de contatos dentro dessas comunidades.

  • Avaliando as habilidades

Os atletas identificados passam por uma avaliação de habilidades para determinar seu nível de aptidão em suas respectivas modalidades esportivas. Isso inclui testes físicos, técnicos e psicológicos para avaliar o potencial de competição em nível internacional.

  • Seleção final

Com base nos resultados das avaliações de habilidades, um grupo de atletas é selecionado para fazer parte do Time Olímpico de Refugiados. A seleção é feita levando em consideração a aptidão e o talento esportivo de cada atleta em sua modalidade, seu histórico pessoal como refugiado e sua capacidade de representar os valores do movimento olímpico.

  • Apoio

 Uma vez selecionados, esses atletas recebem apoio para facilitar seu treinamento e preparação. E isso inclui assistência financeira para cobrir despesas relacionadas a viagens, treinamento, equipamentos esportivos, cuidados médicos e outros aspectos necessários para sua preparação.

  • Treinamento intensivo

Os atletas geralmente são colocados em programas intensivos, muitas vezes sob a orientação de treinadores de alto nível e em instalações esportivas de qualidade. Treinam em centros de excelência esportiva, em clubes ou equipes locais, dependendo da disponibilidade e das necessidades específicas de cada atleta e sua modalidade.

  • Acompanhamento contínuo

Durante todo o processo esses atletas recebem acompanhamento e suporte contínuo de treinadores, médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros especialistas, para garantir que estejam nas melhores condições físicas e mentais para competir. É também enfatizada a importância não apenas do desempenho esportivo, mas também do desenvolvimento pessoal e da integração dos atletas refugiados na comunidade esportiva global.

O Time Olímpico de Refugiados proporciona uma oportunidade de competição, além de também servir como um símbolo de esperança, resiliência e solidariedade em meio às adversidades enfrentadas pelos refugiados em todo o mundo. As chances de atletas refugiados conquistarem uma medalha olímpica são difíceis de prever, pois dependem de vários fatores, incluindo o talento de cada um, a competitividade em suas respectivas modalidades esportivas e o contexto das competições. No entanto, é importante notar que muitos desses atletas demonstraram habilidades esportivas notáveis e têm competido em alto nível, muitas vezes superando desafios extraordinários. Alguns têm experiência prévia em competições internacionais antes de se tornarem refugiados, enquanto outros podem ter começado a praticar esportes enquanto estavam em campos de refugiados ou em países de acolhimento.

Embora conquistar uma medalha olímpica seja um desafio significativo para qualquer atleta, independentemente de sua origem ou situação, esses atletas têm mostrado determinação e resiliência incríveis, e são suas performances inspiradoras que capturam a atenção e o apoio de pessoas ao redor do mundo. E, principalmente por conta disso, essa participação vai além do aspecto competitivo; eles representam uma mensagem poderosa de esperança, inclusão e solidariedade que ressoa amplamente com o espírito olímpico.

Mesmo com chances incertas de conquistar medalhas, a presença do Time Olímpico de Refugiados é uma demonstração significativa e um testemunho de coragem e perseverança para todos, inclusive seus adversários nos Jogos e em seus próprios países.

Graças a ideias como esta é que continuo escrevendo e defendendo o que considero mais importante: a possibilidade de transformar o esporte.

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